Fogueira do Galo - Fogueira dos Rapazes

As fogueiras do Natal no Planalto Mirandês assumem-se, desde há muitos anos, como um dos elementos mais importantes da cultura popular neste território e em Miranda do Douro o costume não se perde,está bem vivo e enraizado.
Praticamente em todas as localidades do Nordeste Transmontano e costume de se acender a Fogueira do Galo na noite da Consoada, também conhecida por Fogueira dos Rapazes. Em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, esta tradição carrega consigo aquele que é considerado pelos investigadores, como um ato de iniciação e emancipação dos rapazes em idade da puberdade, em que as raparigas "estão proibidas de participar", por uma questão de recato e decoro, já que durante o dia passado no monte são muitos os momentos em que os rapazes são postos à prova na sua “masculinidade”, com a realização das barrelas, um ato que não passa de uma brincadeira. 

Estes rituais e praxes de fecundidade e puberdade são pagãos e vêm de tempos ancestrais, com o objetivo de provar se os rapazes eram capazes de procriar.

Os trabalhos para a realização da Fogueira do Galo começam bem cedo, com o lançar de foguete de alvora, logo ao amanhecer. A partir desse momento os rapazes seguem para o monte, onde passam todo o dia a cortar lenha e a carregar os carros de bois, que depois serão puxados pelos jovens até à praça da Sé e descarregados até ao acender do lume.

Passados os trabalhos e as praxes, os rapazes juntam-se para comer e beber. 

A hora de merenda é outros dos pontos altos, não faltam a famosa punheta de bacalhau, enchidos queijos, pão, entre outros produtos regionais que são regados com bom vinho. Já com o estômago reconfortado, os rapazes preparam-se para levar a lenha para a cidade, numa viagem acompanhada por cantos tradicionais de Natal adaptados à realidade do dia da fogueira e toda a caravanas de carros de madeira, com o seu chiar característicos, atraem os residentes ao centro da cidade e os turistas, admirados com esta função natalícia.

Ha crianças pequenas que, acompanhados pelos mais velhos, se entranham nesta tradição. Para o antigo participante, esta é uma herança do passado. Os casados relembram este dia e fazem a Fogueira do Galo dos Casados, com a mesma fórmula da dos solteiros.

Os mais velhos dizem, que a missão é agora facilitada. Os homeins que desde tenra idade participaram na preparação da fogueira, contam que no passado era bem mais difícil cumprir a tradição, já que tudo era feito a força de braços.
Antigamente carregávam os carros de bois com grandes troncos de madeira até chegar à fogueira e durante a viagem havia muita peripécia, devido à orografia do terreno. Até os carros de bois chegavam a partir com o peso da lenha, entre outras avarias. Isto atrasava a festa, mas havia sempre uma ajuda extra.

 É praticamente unânime que, se não houvesse Fogueira do Galo em muitas das localidades do Nordeste Transmontano, não seria Natal.

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